29 de abril de 2012

O diário de uma adolescente em: Memória de Elefante

Esse texto é totalmente fictício.

  Naquele dia eu havia acordado de mau humor. Talvez porque sabia que deveria lembrar de algo e não lembrava. O que era? Sabia que era alguma coisa muito importante. Nessa hora senti vontade de ser um elefante. E não é para pensar bobagem, eu posso ter feito o filme "O retorno da Múmia", mas daí querer ter o peso em toneladas é exagero até pra mim!
  Ora, todo mundo já deve ter ouvido que memória de elefante é ótima, isso tudo porque quando o bichinho (olha o nome!) sabe que está perto de morrer faz uma longa jornada de volta ao lugar onde nasceu. Foi por isso que eu desejei ser um deles, vai ter memória assim na China! Nada contra os chineses, é claro!
  Pra completar o quadro magnífico do meu drama, haviam me deixado sozinha em casa.
  Vesti uma blusa preta e fui me olha no espelho. Parecia um cadáver. Branca "feito" barriga de calango... Pode?! Não era á toa que meu namorado nunca me convidava para ir a praia. Vergonha! Só podia ser isso!
  Olhei-me com cuidado para o meu reflexo no espelho... Por que não nasci morena? Dourada, sei lá! Quem sabe eu não vivia um romance como a personagem Moreninha de Toim Manel de Macedo*. Bem, porque Ceci, branquinha, do Zezinho da cabeça chata, não teve, digamos, um fim muito agradável... Isso já é marcação!
  Sai do quarto como um retirante nordestino do livro "Vidas Secas" de Graciliano Ramos. Sim, porque eu fugia de minha imagem, a seca. Eu não era magra, pelo contrário, magra era um elogio. Simplesmente era uma vassoura metamorfoseada em gente, e com fome, acredite, a situação não era das melhores. Estava com tanta raiva de mim mesma, e de minha memória que não era de elefante, que me castiguei e comi como alguém que não comia há três dias. Não se assustem isso é apenas uma oração subordinada adverbial comparativa... Concordo com você, a definição assusta muito mais...
  De repente bateram na porta. Quem seria? Abri, e uma surpresa, digo, quer dizer, escrevo, duas surpresas: meu namorado e minha melhor amiga.
  Depois dos sorrisos, "ois", abraços e beixocas, pedi a eles que entrassem. Perguntei-me o que estariam fazendo ali, e como se ouvissem os meus pensamentos, disseram que ficaram com uma vontade louca de me visitar. No entanto, senti o cheiro peculiar de político em eleição... Em outras palavras: mentira das grossas.
  "Pessoas inteligentes falam sobre idéias, pessoas comuns falam sobre coisas, e pessoas medíocres falam sobre pessoas", foi por isso que falamos sobre tudo que adolescentes têm direito! E entenda o que quiser. E a conversa seria muito melhor, pelo menos para mim, se as minhas duas visitas não ficassem se olhando, vez por outra, como se estivessem escondendo algo de mim.
  Confesso! Eu estava me sentindo como Bentinho, personagem do livro "Dom Casmurro" de Machado de Assis, traído por seu amor e seu melhor amigo, no meu caso amiga... Será? Eu me encontrava na mesma dúvida, ou talvez estava lendo demais... Era outra hipótese a ser considerada.
  A manhã passou depressa, pois nos divertimos bastante. Esqueci até que havia me esquecido de algo e não lembrava. Fiz o almoço, eu sou uma ótima cozinheira, sem entrar em detalhes, é claro... Apesar da comédia, sentia mistério no ar.
  Minha amiga teve uma idéia: eu me arrumaria, ficaria linda (missão impossível!) e iria para sua casa. Perguntei-lhe por que tudo isso. Ela tentando responder falou tanto e no fim não disse coisa alguma. Desisti de querer uma resposta lógica. Enfim, não fazia mal.
  Entrei no quarto. Começava o tormento. Pior que tribunal de inquisição. Primeiro o banho que não era ruim, porque ao contrário de muitos eu não tenho alergia à água; depois a roupa, e por último ELE, terror dos meus pesadelos, O ESPELHO. Talvez eu sobrevivesse... Tomei um banho e vesti uma blusa vermelha. Vestida para matar. De susto. Ri. Coloquei aquele perfume chiquerérrimo, (existe essa palavra?): Gambázio, comprado lá na DECOCA... Um dia me perguntaram onde era isso, e eu não sei por que riram quando eu falei que era na mulher que ficava "de coca" na esquina...
  Olhei-me no espelho novamente, se eu não fosse tão caiada ao natural... Era melhor não reclamar, de repente Deus me tirava o pouco de melanina que ainda restava na minha pele. Aí eu estava frita... Se bem que esse termo não ficaria bem aplicado no meu caso...
  Saí do esconderijo.
  Meu namorado me deu uma beijoca e disse que eu estava linda! Nessa hora eu pensei que esse elogio seria ótimo se o meu namoradinho, lindinho e fofinho não estivesse esquecido os óculos em casa.
  Saímos os três.
  Quando chegamos perto da casa da minha amiga, notei que tudo estava calmo demais... Isso me fez lembrar daquilo que eu tentava lembrar cedo e não conseguia. Quase tive um ataque de raiva, só não demonstrei na hora porque fiquei com medo de ser levada para um manicômio por me tornar um ameaça a sociedade. Bom, de qualquer forma agora já era tarde, eles haviam me pegado. Minha amiga abriu a porta e um segundo depois eu ouvi o que estava esperando, a típica canção das festas de aniversário. Era o meu! Pode!? É, tem horas que é até bom não ter memória de elefante...

Juliana Sousa, Fortaleza - CE

7 de abril de 2012

Desvirginando

  Eu nunca sei começar o texto até começar. Só consigo decidir o que escrever quando to com o lápis na mão ou com o teclado sob os dedos; e quando eu digo lápis é no sentido figurado, não gosto de lápis. Como eu to vendo que comecei a falar de coisas subjetivas demais, presumo que o texto será uma crônica – quando tenho liberdade de gênero eu também tenho dificuldade de escolher um.
  Enfim... Primeiro parágrafo pronto. E agora? Segundo meus professores de redação dos tempos de escola (ok, caloura, faz poucos meses que tu terminou o terceiro ano), essa é a parte do texto que eu adentro mais profundamente no tema. No meu caso, é a parte onde eu escolho um tema. Tava na dúvida entre destilação fracionada, benefícios da energia eólica, música finlandesa, relacionamentos medievais sob a ótica freudiana ou vídeos de bebês rindo no youtube. Vou acabar fazendo piadinhas metalingüísticas, uma coisa bem original. Realmente, ninguém nunca pensou em escrever sobre o ato de escrever (Aproximadamente 151.000.000 resultados pra “escrever sobre escrever” no Google).
  Então, acho que vou falar um pouco do nosso amigo Sr. Renã, meu coleguinha de sala, que tornou possível estarmos aqui hoje reunidos para mostrar um pouco do nosso trabalho (na verdade ele me intimou a ser a primeira, tenho os sms, e-mails e cartas de amor pra provar. Ok, não tiveram cartas de amor, não me mate Sra. Renã D:). Ele que me introduziu a essa parada aí de classificação MBTI e tal. Na verdade, eu ainda não sei de muita coisa, só sei que fiz o teste lá e deu ENFP, creio que isso signifique algo. Hm.
   Em relação a minha pessoa, pra vocês se localizarem no espaço-tempo das bobagens que eu escrevo: Laura, 17, caloura de jornal na UFRN, blogando aqui http://listasinuteis.wordpress.com/ e twittando aqui https://twitter.com/#!/weirdlaura.
   Ok, aconteceu o que eu temia: perdi totalmente o rumo do que eu tava escrevendo. Talvez seja porque eu tentei começar num dia e só fui terminar quase uma semana depois, rs. Inspiração é um bagulho difícil de se lidar, não recomendo.
Eu também desisto de tentar fazer o texto funcionar. Se virem.

                                            Por favor, me imaginem levantando e abandonando o recinto dramaticamente.

     Laura Kyvia