29 de maio de 2012

Aventuras de uma ENFP

Não sei se já contei, mas coisas memoráveis desse jeito já aconteceram outras duas vezes comigo, é claro que minha mente deve ter apagado outras tantas, até para manter minha sanidade e integridade física mental…
A primeira vez que me lembro foi em 98/99, uma colega de trabalho me convidou para seu casamento, recebi o convite e confirmei presença.
Note bem: moro em Lauro de Freitas e o casamento e festa eram em Salvador. Já foi um esforço grande convencer meu marido a sair num sábado à noite e ir para SSA numa festa em que ele não conhecia ninguém, enfim, fomos.
Chegamos atrasados, mas a noiva também estava, então nos acomodamos e ficamos esperando os acontecimentos. Comecei achar estranho porque não conhecia ninguém, olhei o noivo e não me pareceu ser o mesmo das fotos que ela me mostrou, me incomodei até que fui perguntar à organizadora do casamento se este era o casamento de minha amiga, pois já estava achando que estava na igreja errada.
Quando perguntei, a moça olhou-me com um ar de espanto e disse quase com pena, esse casamento foi ontem! Minhas pernas tremeram, meu marido não acreditou e quase me fuzilou com o olhar… Agradeci meio sem jeito, entramos no carro e voltamos para casa, no meio do caminho acabei rindo e fazendo piada de mim mesma toda arrumada sem ter festa para ir.
A segunda vez foi mais tragicômico. Recebemos a notícia que a mãe de um amigo havia falecido de madrugada e o enterro seria às 14:00h. O pessoal do trabalho combinou de irem juntos ao velório, mas eu tinha um compromisso no horário do almoço de decidi ir direto apenas ao enterro. Resultado: sai correndo do almoço e fui para o Campo Santo, quase no centro de SSA, cheguei lá procurei pelo velório/enterro, por alguém conhecido, perguntei se já havia sido enterrado e nada. De repente me bateu aquela vozinha de dentro, será que você errou de cemitério? Não deu outra. Liguei para uma colega que disse que estava no Jardim da Saudade, do outro lado da cidade. Sai feito uma maluca no trânsito e fui para o outro cemitério, cheguei a tempo de ver as pessoas voltando para os carros. Nem desci do meu, dei meia volta e fui trabalhar. Depois conversei com o colega enlutado, dei meus pêsames e fiz de conta que não aconteceu nada.
   Ontem, não foi por menos. Tinha uma reunião importante do grupo de projetos que estava agendada há uns 15 dias, com vários lembretes para que ninguém faltasse, eu inclusive já havia confirmado presença. Marquei no Outlook, me organizei e sai uma hora antes para evitar o trânsito. Cheguei cedo e dei uma passadinha no shopping ao lado da faculdade para passar o tempo. Quando estava no horário fui para o prédio da faculdade e comecei a procurar a sala. Rodei os quatro prédios da escola, pedi informação, tentei ligar para um dos colegas organizadores e nada. Parei um pouco, respirei, e tentei ligar de novo. Cesar me atendeu com aquela voz de surpresa…

- Cadê você mulher?

- Estou aqui na FTC, já andei tudo por aqui onde é a reunião?

- É na FIB criatura, tá fazendo o que aí na FTC? Vem pra cá correndo que a reunião já começou!

- Não dá tempo, vou ter de pegar o engarrafamento todo até ai…

- Vem pela orla que é mais rápido…

- Não dá, aqui já estou no caminho de casa…

  E a ligação caiu… Caiu ou ele desligou para poder rir à vontade, não sei… Só sei que hoje contando para Carminha, minha escudeira e fada madrinha fiel, acabamos por rir um bocado às minhas custas, e no fim me fez um bem danado, porque de vez em quando eu me levo muito à sério.

        Até a próxima
                     Marta Gaino, Salvador – BA

3 de maio de 2012

Caleidoscópio

  Engraçado saber que o caleidoscópio foi inventado por um físico escocês ( Dawid Brewster, 1781-1868), porque espera-se que um físico tenha mais o que fazer do que inventar um brinquedo... Apesar de na época já existir brinquedos parecidos, muito provavelmente inventados na China!
  Mesmo que tenha sido sem querer, seu tempo deveria ser mais bem aproveitado. Vai saber o que se passou na cabeça daquela criatura quando teve essa ideia colorida...
  Acontece que, como tudo o que se coloca no mundo, sempre se acha uma utilidade para a coisa algum dia, então aquele tubo com vidros coloridos e espelhos acabou virando uma fonte de padrões simétricos de desenhos derivando até programas para computadores.
  Eu aqui com minha imaginação sem fim, fico pensando em como a nossa vida se parece com aquele brinquedo. Como se fossemos um tubo cheio de espelhos onde os acontecimentos são caquinhos de vidro virando e revirando dentro da gente. A cada movimento um novo padrão simétrico se forma e quem está de fora, olhando pelo buraco da fechadura, pode se admirar com nossas reações, com as formas coloridas que desenhamos sem querer. Mas nós, ao contrário, não conseguimos ver esses padrões porque estamos inteiramente misturados e encharcados de cores, formas e reflexos simultâneos que não nos deixam saber, após tantas voltas, onde estamos e o que estamos fazendo ou para que lado estamos indo afinal...
  Mas o brinquedo só se movimenta se alguém o balançar, então fica uma pergunta:
- Quem balança nossa vida?
  É aleatório, é o acaso, é o destino, é nosso livre arbítrio, é o karma, é a mão de Deus ou é a nossa total e completa falta de bom senso, pois sucumbimos aos desejos que nos invadem de repente sem que tenhamos tempo de pensar e calibrar os espelhos para refletirem os desenhos que a vida espera da gente.
  E quem é que se importa com aqueles que estão espiando pela fechadura de nossa alma?
  Acho que gosto mesmo é do padrão aleatório... simétrico... mas, imprevisível!

Marta Gaino, Salvador - BA