Engraçado saber que o
caleidoscópio foi inventado por um físico escocês ( Dawid
Brewster, 1781-1868), porque espera-se que um físico tenha mais o
que fazer do que inventar um brinquedo... Apesar de na época já
existir brinquedos parecidos, muito provavelmente inventados na
China!
Mesmo que tenha sido
sem querer, seu tempo deveria ser mais bem aproveitado. Vai saber
o que se passou na cabeça daquela criatura quando teve essa ideia
colorida...
Acontece que, como
tudo o que se coloca no mundo, sempre se acha uma utilidade para a coisa
algum dia, então aquele tubo com vidros coloridos e espelhos acabou
virando uma fonte de padrões simétricos de desenhos derivando até
programas para computadores.
Eu aqui com minha
imaginação sem fim, fico pensando em como a nossa vida se parece
com aquele brinquedo. Como se fossemos um tubo cheio de espelhos onde os acontecimentos
são caquinhos de vidro virando e revirando dentro da gente. A cada
movimento um novo padrão simétrico se forma e quem está de fora,
olhando pelo buraco da fechadura, pode se admirar com nossas reações,
com as formas coloridas que desenhamos sem querer. Mas nós, ao
contrário, não conseguimos ver
esses padrões porque estamos inteiramente misturados e encharcados
de cores, formas e reflexos simultâneos que não nos deixam saber, após tantas
voltas, onde estamos e o que estamos fazendo ou para que lado estamos
indo afinal...
Mas o brinquedo só se
movimenta se alguém o balançar, então fica uma pergunta:
- Quem balança nossa
vida?
É aleatório, é o
acaso, é o destino, é nosso livre arbítrio, é o karma, é a mão
de Deus ou é a nossa total e completa falta de bom senso, pois sucumbimos aos desejos
que nos invadem de repente sem que tenhamos tempo de pensar e
calibrar os espelhos para refletirem os desenhos que a vida espera da gente.
E quem é que se
importa com aqueles que estão espiando pela fechadura de nossa alma?
Acho que gosto mesmo é
do padrão aleatório... simétrico... mas, imprevisível!
Marta Gaino, Salvador -
BA
Muito bom. Texto simples e divertido.
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