5 de novembro de 2012

Capítulo 1/5 – Lembranças Perdidas.


Ela está acordando, Dr.
Essa foi a primeira frase que ouviu antes mesmo de abrir os olhos. Aos poucos os sentidos voltavam. Abrindo os olhos lentamente percebeu um teto branco e uma luz que a ofuscou por alguns segundos. Devagar olhou em direção a voz que ouvira. Pode visualizar uma enfermeira ao lado de um homem de branco que a olhava com um misto de curiosidade e preocupação.
Onde... Onde estou? – perguntou ainda com um pouco de dificuldade em falar.
Você está no hospital. Você sofreu um acidente...
Enquanto o médico falava apenas as palavras “carro” e “alta velocidade” chegaram de fato aos seus ouvidos. Por alguma razão se sentia confusa. Alguma coisa havia mudado.
Então, pode me dizer o seu nome?
Nome? – perguntou um pouco confusa.
Você não se lembra do seu nome? – perguntou o médico a olhando com um misto de preocupação e curiosidade em sua voz.
Era isso. Ela não lembrava. Mas, era tão confuso. Tentou vasculhar dentro de sua própria mente. Era como se não houvesse nada lá. Não havia memórias.
Você não se lembra do seu nome? – perguntou o médico mais uma vez.
Ela balançou a cabeça negativamente.
O médico a olhou franzindo a testa por um momento.
Não se preocupe. Em geral depois de uma batida tão forte, as pessoas podem ter amnésia. Mas, a amnésia nesses casos tem curta duração.
O médico saiu junto com a enfermeira, deixando-a sozinha.
Amnésia, pensou. Então, era assim que era ter amnésia. Tentou levantar-se, mas o que conseguiu foi apenas sentar-se no leito. Olhou para a condição do seu corpo. Não havia muitos ferimentos, apenas uma perna engessada e arranhões pelo braço. Esforçou-se mais uma vez tentando lembrar o que acontecera, mas não se lembrava de nada referente a qualquer acidente de carro, ou até mesmo qualquer lembrança anterior a isso.
De repente a porta abriu, e um homem aparentemente jovem entrou no quarto fechando a porta com cuidado. Durante alguns segundos seus olhos se encontraram.
Quem é você? – ela perguntou um pouco desconfortável.
Havia algo naquele homem que não gostava. Alguma coisa que causava uma estranha sensação de ficar longe dele. Ele pareceu um pouco desconfortável por um segundo. Seria talvez por que sem querer ela havia deixado transparecer o que pensara?
Quem é você? – ela perguntou novamente com certo nervosismo em sua voz.
Ele sorriu calmamente.
Aquele sorriso. Ela não gostava daquele sorriso. Estaria aquele homem envolvido com seu acidente? Por que não conseguia se lembrar? Sentiu a cabeça rodar. Deitou-se não se sentindo muito bem.
O homem se aproximou rapidamente.
Você está bem? – disse pegando em seu braço.
Ela se desvencilhou rapidamente, evitando o contado.
Por favor, não toque em mim... – disse virando o rosto para não olhá-lo.
O homem ficou calado. Que expressão ele estaria fazendo? Estaria com raiva? Por que sentia aquilo? Queria que ele fosse embora. Queria que alguém chegasse. Sentia que corria perigo. De repente a porta abriu. Ela percebeu que o médico entrara.
Ah... Então você resolveu entrar? – disse falando com o homem “desconhecido”.
Já estou de saída. – disse olhando para a paciente.
Ela desviou o olhar novamente.
Quem é ele? – perguntou ela ao médico logo que ele saiu.
Não sei exatamente... Parece que foi uma das pessoas que a trouxe para o hospital.
Aquela sensação. Que sensação era aquela? Não sabia ao certo, mas tinha certeza de uma coisa.
Não gosto dele.

Juliana Sousa, Fortaleza - CE

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